O núcleo VOLTA À VIDA tem como proposta mostrar às mulheres que é possível continuar a levar uma vida relativamente normal, mesmo após a mastectomia, proporcionando encontros semanais.
Implantado em 1998, com o apoio da UCC – União Internacional de Combate ao Câncer e do Programa “Reach to Recovery” (Alcançar a Recuperação), atualmente funciona em uma sala cedida pela Igreja São Judas Tadeu.
As voluntárias desenvolvem reuniões semanais, onde há troca de experiências entre as participantes, palestras educativas, ginástica e alongamento para a volta dos movimentos, terapia ocupacional, dança sênior, passeios e atividades externas.
A principal motivação para as mulheres mastectomizadas de baixa renda que procuram o Volta à Vida é o contato com pessoas que passaram pela mesma experiência, compartilhando suas histórias e experiências.
O projeto também fornece perucas, lenços e soutienes especiais, esmaltes, batons e complementos mamários, uma vez que a retirada da mama interfere diretamente na distribuição do peso, na coluna e postura.
Atualmente, esse trabalho também está sendo feito na Casa de Mastologia do Hospital São Paulo.
Descobri o câncer aos 55 e, apesar de ter sido operada dois meses depois do diagnóstico, este é o pior período da doença. “Descobri o problema no dia do meu aniversário e, até fazer todos os exames para saber a extensão do tumor, sofri muito,”. Sua cirurgia foi em janeiro de 2003 e, onze meses depois ela começou a frequentar o núcleo da APFCC. Agora tem como objetivo atuar para tornar mais ágil o atendimento às mulheres com suspeita de câncer de mama, pois sabe que pelo sistema público tudo pode ser muito demorado, o que só complica o quadro.
“Agora tem tantos casos dessa doença. Algumas são mulheres mais velhas, outras nem tanto. Eu, por exemplo, descobri um caroço durante o auto-exame. Fiquei uma semana na dúvida. Depois percebi uma secreção na mama e aí resolvi procurar atendimento médico”. Vera teve que tirar a mama, fazer rádio e quimioterapia. “Com o tempo a gente se acostuma com a doença e encara tudo de maneira normal.”
“Venho todas as semanas e adoro! Deixo tudo o que estou fazendo e venho me encontrar com o grupo”, afirma, com seu sorriso fácil. “Estou aqui desde que operei. Antes não conhecia a Fundação Oncocentro (antiga sede do Volta à Vida) e sinto que nasci de novo a partir de então”. Apesar da idade, ainda faz atividades físicas com o grupo, o que contribui para a sua disposição e aparência saudável. “A turma aqui é como uma família e, se tivesse reunião todo dia eu viria, pois minhas companheiras são mais que irmãs.”
“É uma questão de cabeça. Problemas não faltam a ninguém”, comenta Leonor para explicar sua vitalidade e aparência jovial, embora admita que, para vir ao núcleo, tem que fazer um “esforço danado”. “O núcleo oferece muita coisa, como palestras, trabalhos manuais, além das aulas de ginástica, dança e tudo mais. Se não venho, sinto muita falta”